A oitava edição do Roteiros da Saúde, evento itinerante da Fehosul que completou um ano em setembro, ocorreu na cidade de Bagé no dia 16, sexta-feira. Já foram visitadas oito cidades (Bagé, Canoas, Caxias do Sul, Cruz Alta, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Santa Maria) e 3.782 km rodados pela equipe da Fehosul. Dirigentes e gestores de instituições de saúde da Região Fronteira discutiram questões atuais que impactam os prestadores – hospitais, clínicas, laboratórios e demais estabelecimentos da saúde – , como o relacionamento junto ao Ipergs, SUS e as operadoras de planos de saúde. Foram abordados ainda assuntos relacionados às negociações coletivas, temas jurídicos, treinamentos e comunicação. Os dirigentes puderam conhecer melhor a atuação da Federação e de seus Sindicatos Filiados na defesa dos interesses da categoria.
Um dos temas que mais chamou a atenção, e preocupou os presentes, foi a atual situação envolvendo o Ipergs. O diretor executivo da Fehosul, médico Flávio Borges, alertou para os possíveis desdobramentos em relação à adoção do Preço de Referência de Medicamentos (PRM), proposto pela Fazenda Estadual, e que, se efetivado, ameaçará a viabilidade econômica – que já é crítica – dos hospitais e boa parte das clínicas que atendem ao plano de saúde. A Fehosul defende que os estimados R$ 80 milhões de redução de gastos gerados pela adoção da PRM migrem integralmente para diárias e taxas. Além da adoção do princípio Ganho Zero/Perda Zero, a entidade negocia ainda a efetiva prática de uma política de reajuste anual, para não defasar os efeitos da migração. “Afinal, a prestação de serviços está sem reajuste há 4 anos, e nossos custos, como vocês sabem, só aumentam”, lembrou Dr. Flávio.
O Diretor pediu a união de todos os prestadores: “quanto menor a participação dos prestadores, acompanhando ou sugerindo caminhos, maior a facilidade de tomada de decisões graves por parte do governo, como foi esta. Os resultados serão sentidos em momento tardio, em que uma ação da Fehosul, seja política ou jurídica, se torna mais difícil. No Brasil todo, não é somente aqui, sentimos uma falta de entendimento da importância do uso da voz dos prestadores por meio das Federações estaduais e seus Sindicatos. Temos que ser responsáveis com os nossos negócios, que são vitais para a população, e isto passa invariavelmente por uma atuação conjunta visando efeitos políticos e práticos. Tragam suas realidades, sem essa participação de todos vocês, o movimento se enfraquece. Perderemos todos”, conclamou enfaticamente. O Grupo Paritário do Ipergs – composto por representantes das entidades hospitalares e médicas – , vem se reunindo com um periodicidade constante, “a cada quinze dias”, reforçou o Dr. Flávio. Antes os encontros estavam paralisados, e com iniciativa incisiva da Fehosul, o GP voltou a reunir-se, “demonstrando que temos que ser protagonistas nos rumos da saúde gaúcha, e para isto, temos que lutar intensamente para estar presente em todas as esferas que influenciam nossas atividades. Com a retomada do GP, por exemplo, conhecemos e discutimos hoje a real situação econômica do Ipergs, ou seja, o nível de transparência é muito maior”. Adicionalmente, o diretor executivo apresentou alguns dados da previsão orçamentária da autarquia estadual para o próximo ano, que será 9,91% superior em relação a 2015, algo em torno de R$ 2 bilhões no seu total. Flávio Borges finalizou sua explanação falando sobre o Fator de Qualidade – referente à Lei 13003/14 – , e alertou sobre a importância que a acreditação terá para as instituições, sendo condição mínima para alcançar ou manter melhores níveis de remuneração na Saúde Suplementar. O diretor participa na Confederação Nacional de Saúde (CNS), do Departamento de Saúde Suplementar, desenvolvendo e defendendo junto à agência reguladora (ANS), propostas para promover uma “troca” mais justa na relação econômica com as operadoras. Os advogados Flávio Luz e José Pedro Pedrassani, dois dos integrantes da equipe que compõe a assessoria jurídica da Fehosul, falaram sobre responsabilidade civil e questões trabalhistas, respectivamente. Com larga experiência no tema, Flávio Luz apresentou cases que devem ser considerados pelos gestores. A sua explanação foi repleta de sugestões que poderão ser aplicadas na forma de atuação dos prestadores, precavendo ações judiciais.
Pedrassani falou sobre a jornada 12×36 horas e apresentou um panorama das últimas discussões envolvendo a relação entre empregador e empregado no setor da saúde, e como a CNS – entidade sindical de grau superior, constituída por oito federações patronais e mais de uma centena de sindicatos – vem se posicionando a partir de encontros do seu Fórum Jurídico, que se encontra mensalmente em Brasília. Pedrassani, que é membro representante da Fehosul nos encontros, discorreu ainda sobre Saúde Suplementar e as discussões sobre a Lei 13003/14, que rege os contratos entre operadoras e prestadores.
A administradora hospitalar Shirlei Gazave, Gerente de Relacionamento com o Mercado, apresentou a participação da Fehosul no desenvolvimento dos colaboradores que atuam no mercado da saúde, através do Fórum RH e dos eventos e cursos realizados em todas as regiões do Estado. “Os prestadores nos enviam demandas através dos sindicatos, e promovemos atividades que auxiliam de forma prática colaboradores e as próprias instituições, que podem inscrever gratuitamente, sempre, dois profissionais. Queremos intensificar a oferta de workshops, cursos, palestras e seminários, inclusive com especial atenção para a região da Fronteira”, falou.
Shirlei destacou ainda o portal de notícias Setor Saúde (www.setorsaude.com.br), desenvolvido pela Fehosul, que vem “dando visibilidade e repercussão para os filiados e para as reivindicações da categoria. Atingimos gestores, seus colaboradores, e ainda, os pacientes, com matérias sobre a importância de uma saúde melhor. Uma aposta nossa com o Setor Saúde foi a área de oferta de empregos. Alguns prestadores gastavam somas importantes para ofertar suas oportunidades em jornais de grande circulação, e hoje, com o portal, este custo diminuiu de forma importante, e em alguns casos, se tornou inexistente, já que é mais um serviço gratuito oferecido para os filiados. A ferramenta é extremamente eficaz”, esclareceu a administradora hospitalar. O uso das redes sociais é uma realidade de mercado que todas as empresas devem enfrentar e foi também valorizado na apresentação de Shirlei. “O nosso facebook (fan page do setorsaude.com.br) já é o mais acessado e com mais curtidas dentre todos os portais de notícias concorrentes, em todo o Brasil. Por isso, mais do que acessar o portal e suas redes sociais para acompanhar o que ocorre no mercado, vocês devem utilizar ele para divulgar suas empresas e mostrar as conquistas para o mercado”, disse. A fan page está atualmente com 22.613 curtidas, disse. No momento final do encontro, foi aberto espaço para perguntas e depoimentos sobre a situação enfrentada pelas instituições da região. Após o encerramento da programação, os profissionais da Fehosul ficaram à disposição para que os convidados pudessem esclarecer dúvidas de forma individualizada.